quarta-feira, 9 de maio de 2012

MARIA A MAE DO CRISTO EUCARISTICO

MARIA A MAE DO CRISTO EUCARISTICO


            Hoje vamos contemplar Maria, mas em uma perspectiva eucarística. Já o papa João Paulo II afirmava que se quisermos “redescobrir em toda a sua riqueza a relação entre a Igreja e a Eucaristia, não podemos esquecer Maria, mãe e modelo da Igreja... Com efeito, Maria pode nos guiar para o Santíssimo Sacramento por que tem uma profunda ligação com ele”.
            O evangelho na narração da última ceia não menciona Maria. Mas João Paulo II afirma: “Para além da sua participação no banquete eucarístico (última ceia), pode-se delinear a relação de Maria com a Eucaristia indiretamente a partir da sua atitude interior. Maria é mulher « eucarística » na totalidade da sua vida. A Igreja, vendo em Maria o seu modelo, é chamada a imitá-La também na sua relação com este mistério santíssimo.
            Mas, vejamos a ligação profunda entre Maria e a eucarística: Eucaristia significa doação, entrega. Jesus sabendo que ia voltar para o Pai deixa o memorial da sua presença em nosso meio. Fica conosco nas espécies do pão e do vinho.
            Pronunciando as palavras da instituição Jesus oferecia-se ao Pai em sacrifício pela humanidade aceitando a sorte do servo de Javé. É uma doação total pela humanidade não somente de cristo naquele momento, mas de toda a sua vida. Isto nos faz lembrar a apresentação do senhor no templo quando completou quarenta dias de nascido. Aqui já encontramos Maria que oferece seu Filho ao Pai (Lc 2, 22-27). Por isso, toda a vida de Jesus é uma ininterrupta oferenda ao Pai e aos homens: é uma vida eucarística.
             Nossa Senhora preparou o seu coração, como só ela o podia fazer para apresentar e entregar o seu Filho a Deus e oferecer-se juntamente com ele. Nessa preparação ela já oferecia o seu coração. Já fazia de sua vida uma eucaristia.
             Um dia um anjo visita uma virgem chamada Maria e lhe faz a proposta de ser a mãe do Filho de Deus. Proposta esta que ultrapassa todas as expectativas humanas. Nunca ninguém tinha sido abordado por um ser celestial para ser a mãe do próprio Filho de Deus. Este alguém é Maria.
            Toda a história do Antigo Testamento desde Abraão foi uma longa preparação para a chegada de Maria. Foram doze séculos de preparação para que no mundo surgisse aquela mulher. Maria é o fruto maduro da humanidade. Por isso Paulo vai dizer que na plenitude dos tempos Deus enviou o salvador. Podemos entender que a plenitude dos tempos se realiza em Maria. Por que Maria é a Imaculada, a toda pura e no final da história todos seremos imaculados. Isto significa dizer que o que se realizou em Maria um dia se realizará em todos nós (Ef 1).
            Na história da anunciação o anjo fez a proposta a Maria e esta respondeu: “Eis a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a sua palavra”. É João Paulo II que diz: “De certo modo, Maria praticou a sua fé eucarística ainda antes de ser instituída a Eucaristia, quando ofereceu o seu ventre virginal para a encarnação do Verbo de Deus. A Eucaristia, ao mesmo tempo em que evoca a paixão e a ressurreição, coloca-se no prolongamento da encarnação.
            E Maria, na anunciação, concebeu o Filho divino também na realidade física do corpo e do sangue, em certa medida antecipando n'Ela o que se realiza sacramentalmente em cada crente quando recebe, no sinal do pão e do vinho, o corpo e o sangue do Senhor. É preciso considerar toda a vida de Jesus enquanto ama, opera, reza, sofre e se imola partindo do instante em que desceu ao seu seio virginal até o momento da sua crucificação. Desde a concepção até a crucificação Jesus.
            Por isso Maria é a mãe da eucaristia. É a mãe de Jesus eucarístico. Não no sentido de que Maria o gere de novo na ação misteriosa do altar, esta missão é reservada ao sacerdote. Mas, por que é uma ação que se assemelha a sua concepção no seio virginal de Maria. Alem disso Jesus se torna presente na eucaristia com sua divindade e seu corpo glorioso, aquele corpo que Maria o deu na concepção.  
            Maria com o seu sim se doou não somente a Deus, mas a toda a humanidade. Ela viveu uma vida totalmente voltada para o seu Filho e para os homens. Existe, pois, uma profunda analogia entre o fiat pronunciado por Maria, em resposta às palavras do Anjo, e o amém que cada fiel pronuncia quando recebe o corpo do Senhor. A Maria foi-Lhe pedido para acreditar que Aquele que Ela concebia « por obra do Espírito Santo » era o « Filho de Deus » (cf. Lc 1, 30-35). Dando continuidade à fé da Virgem Santa, no mistério eucarístico é-nos pedido para crer que aquele mesmo Jesus, Filho de Deus e Filho de Maria, Se torna presente nos sinais do pão e do vinho com todo o seu ser humano-divino”.
            Depois de contemplarmos o texto da anunciação e o da apresentação. Onde no primeiro texto Maria se entrega ao Senhor e no segundo ela entrega seu próprio Filho voltemos para os evangelhos e contemplemos Maria ao pé da cruz. Os textos já meditados têm uma intima ligação com o texto da paixão. Maria esteve ao lado de seu filho na cruz.
            Na quinta feira santa Jesus deu-se a humanidade em alimento oferecendo seu corpo e seu sangue. Corpo doado, sangue derramado. Sinal do sacrifício que aconteceria na sexta feira da paixão. O relato bíblico não menciona que Maria esteve no cenáculo, mas diz que Maria esteve ao pé da cruz. Maria não estava presente no sacrifício ritual, incruento como afirmava o Concílio de Trento, da ceia do Senhor, mas estava presente no sacrifício cruento do seu Filho. Ela vive a eucaristia.
            Viver o memorial da morte de Cristo na Eucaristia implica também receber continuamente este dom. Significa levar conosco – a exemplo de João – Aquela que sempre de novo nos é dada como Mãe. Significa ao mesmo tempo assumir o compromisso de nos conformarmos com Cristo, entrando na escola da Mãe e aceitando a sua companhia.
            Maria está presente, com a Igreja e como Mãe da Igreja, em cada uma das celebrações eucarísticas. Se Igreja e Eucaristia são um binômio indivisível, o mesmo é preciso afirmar do binômio Maria e Eucaristia. Por isso mesmo, desde a antiguidade é unânime nas Igrejas do Oriente e do Ocidente a recordação de Maria na celebração eucarística.  Junto a Jesus esta Maria, junto de cada Tabernáculo está também presente extasiada a Mãe do céu.
            Na Eucaristia, a Igreja une-se plenamente a Cristo e ao seu sacrifício, com o mesmo espírito de Maria. Tal verdade pode-se aprofundar relendo o Magnificat em perspectiva eucarística. De fato, como o cântico de Maria, também a Eucaristia é primariamente louvor e ação de graças. Quando exclama: « A minha alma glorifica ao Senhor e o meu espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador », Maria traz no seu ventre Jesus.
            Louva o Pai « por » Jesus, mas louva-O também « em » Jesus e « com » Jesus. É nisto precisamente que consiste a verdadeira « atitude eucarística ». Ao mesmo tempo Maria recorda as maravilhas operadas por Deus ao longo da história da salvação, segundo a promessa feita aos nossos pais (cf. Lc 1, 55), anunciando a maravilha mais sublime de todas: a encarnação redentora. Enfim, no Magnificat está presente a tensão escatológica da Eucaristia.
            Cada vez que o Filho de Deus Se torna presente entre nós na « pobreza » dos sinais sacramentais, pão e vinho, é lançado no mundo o germe daquela história nova, que verá os poderosos « derrubados dos seus tronos » e « exaltados os humildes » (cf. Lc 1, 52). Maria canta aquele « novo céu » e aquela « nova terra », cuja antecipação e em certa medida a « síntese » programática se encontram na Eucaristia. Se o Magnificat exprime a espiritualidade de Maria, nada melhor do que esta espiritualidade nos pode ajudar a viver o mistério eucarístico. Recebemos o dom da Eucaristia, para que a nossa vida, à semelhança da de Maria, seja toda ela um magnificat! 



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